
São Paulo 13 de maio de 2025
Em um mundo corporativo dominado pela pressa, pela produtividade a qualquer custo e pela cultura das multitarefas, preservar a saúde mental dos colaboradores tornou-se um desafio central. Mas e se uma tecnologia fosse capaz de desacelerar a mente em apenas três minutos? É o que propõe a intervenção Pausa RV, desenvolvida pelo neurocientista e psicólogo Dr. Júlio Peres, que alia realidade virtual, neurociência e bem-estar em uma proposta imersiva e eficaz — dentro do próprio ambiente de trabalho.
Ao contrário de métodos tradicionais, como mindfulness ou vídeos educativos em plataformas de bem-estar, a realidade virtual tem um diferencial poderoso: a imersão total.
“No computador, você pode estar respondendo WhatsApp enquanto escuta uma meditação guiada. Mas dentro da realidade virtual, você está inteiro. Não há como dividir a atenção”. Essa imersão plena cria um ambiente terapêutico onde o colaborador desacelera naturalmente. “Ele entra acelerado — como todo mundo está —, mas em três minutos sai como se tivesse voltado de férias. Com outro humor, outro ritmo. As imagens, as trilhas sonoras, as sugestões hipnóticas foram todas desenhadas para induzir esse estado.” explica o Dr. Júlio.
A proposta da Pausa RV é simples e acessível: duas sessões de três minutos por dia, durante cinco dias úteis. Apesar do tempo curto, os efeitos são significativos. “Aplicamos um questionário de autopercepção antes, depois e quinze dias após as sessões. As pontuações de estresse, tensão, irritabilidade e cansaço caem drasticamente — e se mantêm baixas.” Segundo o especialista, isso ocorre porque os colaboradores aprendem o que acontece no cérebro durante essas pausas. O resultado? Eles começam a replicar o processo sem precisar do óculos. “Vira hábito. Um comportamento novo, mais saudável.”
Para quem essa tecnologia funciona melhor? A resposta é direta: todos se beneficiam, mas alguns setores sofrem mais. “Bancos, multinacionais, indústrias farmacêuticas… A pressão é enorme. O número de adoecimentos é altíssimo. Estamos conversando com a Sindus Pharma, por exemplo, e os relatos são alarmantes.”
Empresas que exigem produtividade além do ponto de equilíbrio saudável têm uma vantagem clara ao adotarem tecnologias como essa. E com a nova NRU — Norma Regulamentadora da Saúde Mental —, cuidar do bem-estar dos colaboradores deixou de ser opcional. Mas mais do que uma obrigação, pode ser uma estratégia poderosa.
“O colaborador é uma célula de um grande organismo. Se adoece, o todo adoece. Mas se está bem, rende mais, engaja mais, gera menos afastamentos. A empresa ganha em performance. É uma equação de ganha-ganha.” explica o Dr. Júlio.
Não é mágica, é ciência Dr. Júlio deixa claro que o sucesso da intervenção não vem da tecnologia por si só, mas do modo como ela é usada. “Não é a realidade virtual. É o programa. Ele foi desenhado com cenas universais ligadas à tranquilidade — cosmos, natureza, fundo do mar — e trilhas hipnóticas pensadas para desacelerar os circuitos neurais sobrecarregados.” E o impacto vai além do indivíduo: “Depois das sessões, há um contágio positivo no grupo. Um começa a dizer ‘parece que fui para o Caribe’, o outro comenta ‘nunca vi o Rio de Janeiro desse jeito’. O ambiente muda.”
Prevenção é a chave, o foco, segundo ele, não é apenas tratar o adoecimento, mas preveni-lo. “É a lógica da profilaxia. Países como a Dinamarca já entenderam isso: saúde mental se protege com estímulo aos talentos, às virtudes, sem a obrigação sufocante.” Para o futuro, Dr. Júlio aposta na união ética entre neurociência, tecnologia e virtudes humanas. Ele compartilha que levará ao congresso de saúde mental em Boston um manifesto baseado em virtudes como generosidade, perdão e bondade. “A ciência mostra que quem exercita essas virtudes, mesmo após um trauma, pode atingir um nível de vida melhor do que antes. Isso se chama crescimento pós-traumático.” explica o Dr. Júlio.
Um depoimento pessoal feito por uma pessoa que também estava acompanhando a entrevista diz: ”Compartilhei com Dr. Júlio minha própria experiência com crises de pânico e ansiedade. E fiz uma reflexão: Se eu tivesse tido acesso a algo como a Pausa RV, talvez nem precisasse de remédio. Porque a causa estava no cérebro, na sobrecarga, e uma intervenção assim poderia ter feito toda a diferença”
Ele concordou: “A medicação pode ser importante, mas não cuida da raiz. O que propomos é cuidar da causa, não apenas dos sintomas.”
Por fim, Dr. Júlio deixa um recado direto para líderes corporativos: “Tragam uma consciência ampliada aos C-Levels. Se a saúde mental está em ordem, tudo está em ordem. Se não está, o adoecimento se espalha, como uma metástase. E a empresa perde — em performance, em clima, em longevidade. A Pausa RV é mais do que uma proposta tecnológica. É um convite para repensar o jeito como cuidamos de quem constrói as empresas todos os dias. Porque, no fim das contas, colaboradores saudáveis constroem organizações saudáveis”

Dr Julio Peres é psicólogo com 35 anos de experiência clínica, neurocientista e pesquisador. Doutor em Neurociências pela USP e pós-doutor pela UPENN e UNIFESP, para mais informações segue link oficial do site do Dr Julio.